segunda-feira, 2 de junho de 2008

Descobri...

Descobri o que preciso enquanto caminhava junto a uma escola secundária. Sim, no sitio onde supostamente é tudo mais inocente comparado com o mundo que frequento, sim, o sitio onde nada é assim tão inocente como muitos pais desejariam. Foi ali que encontrei o que preciso.
Caminhei lentamente pela simples razão de que me doia um pé, e enquanto o fazia ia observando como nem me dei conta do tempo a simplesmente passar. Esqueci-me que já não tinha aquela idade... 14, 15, 16 ou 17 anos. Não importa, nem dei conta do tempo a passar, infelizmente esqueci-me que tinha de tratar bem de mim. Agora sou um pouco gorducho, doi-me os pés porque não tratei bem deles e tenho asma, horrível e pesada asma que não me deixa correr nem dois minutos. A mim, que corria duas horas sem problemas. Não fumava nada, acreditava na pureza do corpo, até aos 17 anos não toquei em bebida, assustava-me demasiado pelo que tinha visto, e era tímido, muito tímido, mesmo demasiado.
E foi ali que descobri, passados 10 anos, o que necessitava. Caminhava devagarinho quando a vi, doce, ágil, pequenina, mas sempre carinhosa. Abraçada a um namorado com cara de quem estava envergonhado. Não conseguia ver qual deles é que era mais magro, mais pequeno, se ele se ela, mas também não importava. Ela deixava-se ser ligeiramente mais pequena que ele, sem ele o notar ela dava-lhe a primazia física que tão bem faz ao ego masculino, mesmo quando é ainda um ego de miúdo.
Mas ainda não era isto que eu notava mais. Notei na sua atitude inocente, a maneira como ela o abraçava, ligeiramente mais baixa colocava os seus braços à volta do seu pescoço e, dessa maneira, permitia que ele a segurasse pela cintura. Ela punha-se em bicos de pés, esticava-se tão sensualmente como é permitido a uma miúda daquela idade e tentava beijá-lo. E notei no que precisava, alguém que se pusesse em bicos de pés e tentasse beijar-me por entre sorrisos e pequenos risos. Não havia ali um beijo, havia a tentativa de um beijo pois ela estava tão feliz que o seu sorriso não lhe permitia juntar os lábios para um simples beijo. O sorriso da sua felicidade era mais forte que o desejo de beijar. É isso que quero, o sorriso da felicidade...

6 comentários:

Unknown disse...

Quem não? Conseguir atingir alguma felicidade pura, em movimento continuo para algo ainda maior...
Somos pedintes de beleza e felicidade, não?

Unknown disse...

Foi-se a idade... foi-se a inocência.

Anónimo disse...

eu poderia dizer que há não muito tempo tiveste alguém que_ até mesmo p não ser muito alta_ punha-se "em bicos dos pés" para tentar beijar-te "entre sorrisos e risos".....nem que fosse em um jardim qualquer...nem que fosse em uma tarde de verão qualquer...nem que fosse para depois aninhar-te entre seus braços e pernas e dizer que "queria ser tua"(o único problema é que nem tu tinhas 16/17 anos nem "ela" era tão inocente)e sabes o que é pior???o facto dela ainda desejar estes mesmos momentos...:(

Anónimo disse...

Nem sei o que dizer... Adorei! Está simplesmente lindo! "Ela deixava-se ser ligeiramente mais pequena que ele" Gosto tanto!
E sim, claro que vai encontrar o sorriso da felicidade! Eu sei que sim...

Anónimo disse...

ainda agora disse "gostava de escrever assim, o texto a fluir", a escorrer por entre dedos e pensamentos, e fazer como tu, que deixas as pessoas entrarem nos teus sentimentos frágeis e tão inocentes como: «(...) esticava-se tão sensualmente como é permitido a uma miúda daquela idade e tentava beijá-lo».
gosto de apreciar um escrito e envolver-me não somente em uma ou duas frases, mas em todas, em cada encadeamento, cada verso feito sem querer mesmo em prosa, cada melodia que levemente pousa nos meus olhos... *

Anónimo disse...

mais uma vez adorei o texto amigo. é doce como só os amores inocentes dos intervalos na escolinha. podia chamar -se saudade também =)