domingo, 19 de março de 2006

Pára

Pára

Pára, só desta vez. Peço-te que pares de sonhar. Peço-te que pares. Põe um travão nesses teus sonhos. Pára de me chatear, pára de me atormentar, deixa-me estar na minha pasmaceira.

Não me faças chorar, por favor, só desta vez não me faças chorar. As tuas palavras não são sem significado, bem o sabes. Mas pára, só desta vez deixa-me estar em paz.

Não me ouves, pára de me destruir a calma que me permite continuar a levantar-me de manha. Pára por favor, tudo o que quero está lá fora. Essas palavras são desnecessárias, só podem fazer mal. Pára de me encurralares neste desespero. Não quero sonhar, quero ser pequeno, quero ser insignificante. Pára, eu não sou um génio. Eu não quero criar algo. Pára, essas palavras são violentas. Pára, não me magoes mais. Deixa-me ir embora, deixa-me sair deste beco. Pára por favor, essas palavras não são triviais. Pára, deixa-me estar sem criar. Pára, deixa-me em paz. Não quero pegar nessa caneta. Pára, não quero estar triste, não quero mais dor, quero largar a caneta e sentir-me a desvanecer. Não quero mais que tu me faças sofrer. Dorme por favor, adormece.

Eu lembro-me quando não eras assim. Lembro-me de quando eras simples. Pára de gritar por favor. Eu lembro-me da altura em que falavas comigo sem dor. Éramos felizes, éramos tão felizes na nossa ingenuidade. Não havia dor, peso. Não sabíamos nada, éramos tão felizes e inocentes. Lembras-te? O mundo não pesava. O mundo não magoava.

Lembras-te de quando tudo era simples?

Eu só queria parar de pensar… e o meu cérebro não me deixa…

Carlos

20/02/06

1 comentário:

Anónimo disse...

gostei especialmente deste post :)
beijo***