domingo, 24 de dezembro de 2006

Nada de mais...

Cheirou a morte, lambeu-a, tentou come-la, a pureza era ela, ali, morta, imóvel. Sentiu-a entre os dentes, sentiu-a desfazer-se na sua garganta… mas mesmo assim era inútil, ele queria a pureza nas mãos, queria senti-la nos dedos, vê-la com os próprios olhos, queria ser o Deus daquela pureza.

Não a viu, não a sentiu, de facto não sentia nada e pôs-se a pensar, se ele tinha consumido a pureza de tantas maneiras, então ela estava dentro dele. Sentiu-se enjoado com a ideia, mas feliz, riu como um louco, pegou no cutelo e abriu a barriga, cortou-se, viu o sangue cair, meteu a mão por dentro da barriga. Entre gritos de felicidade foi percorrendo o seu próprio corpo, ela haveria de ali estar. Por entre as descobertas do próprio corpo sentiu então o raio final, um relâmpago de dor atravessando-lhe o corpo, modificando-lhe todos os órgãos, destruindo-lhe tudo.

Carlos

2 comentários:

Anónimo disse...

:o

não sei bem o que te dizer. está mórbido, e no entanto, sarcasticamente bem escrito. usas e abusas de um suposto conceito de pureza que deveria estar dentro de nós, por defeito, e não está mesmo (nem que tentemos abrir o corpo com um cutelo e procurar entre entranhas :P). está muito bom, tem um quê de raiva a querer sair mas dá vontade de ler a continuação :) *

Karma Beavis disse...

Bota preste site, jáaaaaa!